Por Naiá Fernandes / Entrevista: Géssika Vieira
O blog Varanda Cultural tem o
prazer de falar sobre literatura e divulgar os artistas da nossa região.
Literatura é a arte de compor escritos artísticos em verso, prosa ou poesia, e
dignos de nosso respeito são aqueles que têm o dom e a habilidade para escrever
dessa forma. Hoje, vamos apresentar uma nova artista, que escreveu o seu
primeiro livro, Beijo de Jasmim, quando tinha apenas 14 anos. Raiany Romanni,
agora aos 18 anos, está escrevendo o seu segundo livro e não pensa em parar por
aqui. Determinada e com muito talento, Raiany falou para o nosso blog sobre
essa experiência de escrever e sobre a sua paixão por literatura.
Varanda Cultural: Raiany, como você começou a escrever?
Raiany: respondo a essa pergunta com um trecho do meu segundo
livro, Alice de olhos negros, que ainda está sendo trabalhado: "Escrevo
não para contar da vida, mas para descobri-la. Escrevo porque me é um vício, e
porque sou completamente deslumbrada pelo charme da literatura. Acredito que
escrever seja, acima de tudo, estar em estado de graça permanente. Não se cria
em um instante e não se é usado de uma vez só, aquilo que renasce nas palavras.
É algo que existe o tempo todo dentro de um coração estremecido, cheio de
sonhos e vontades absurdas e que principalmente têm de ser anormais, como regra
única. É aquilo o que não se chama ainda, eis um segredo. Aquilo que não direi
nunca por não poder assim justificar-me com os seus significados. E que
justamente então descobrirei que é tudo o que já tive em mim, oh - em um susto.
Tudo o que já tive e que não vive só por não haver o espaço assim entre os meus
ossos para sair coisa tão grande e assustadora, que nem forma tem. Mas que há
um dia de fazer-se viva. Só pra que eu entenda mais, e principalmente para que
mais me espante."
Varanda Cultural: como foi escrever o seu primeiro livro? Você pretende
escrever mais livros?
Raiany: foi uma experiência incrível, escrever Beijo de Jasmim.
Quando comecei a escrevê-lo tinha 14 anos, então acho que pude conhecer não só
mais palavras e sentimentos, mas também um pouco mais sobre mim mesma. Estou
terminando o meu segundo livro já mencionado acima, que conta a história de uma
garotinha orfã e introvertida, que perdeu os dois pais de uma vez só por avaria
do destino e foi criada pela tia, que julgava a menina como esquizofrênica.
Bom, acho que escrever é mesmo para sempre. Deixar de escrever é que seria o
pecado.
Varanda Cultural: você sempre se interessou por literatura?
Raiany: desde pequena escrevo poesia. Na verdade, até hoje não sei
se o que escrevo é prosa, ou se tem gênero sequer. Sei que é uma coisa que
nasceu dentro de mim ainda cedo, e que se foi criando junto aos meus medos e às
minhas verdades.
Varanda Cultural: você acredita que a literatura pode mudar o mundo?
Raiany: sim, a literatura muda o mundo. É um processo corrente.
Pois não é mesmo o susto de cada dia que procuramos todos, tremendo e de olhos
fechados, e nos enviesando toda a estrutura humana para poder sentir, em um
mundo torto onde ninguém se é? Ah sim, pois é o espanto que me falta às veias,
que me apavora por não sabê-lo ter nas horas fáceis e pacatas de uma vida
qualquer. Pois é este o sonho: não haver manhã sem nome. E se sei de uma coisa
só com certeza absoluta, é que somente com a ternura das palavras se pode fazer
sonhar. E afinal, não é sonhando que se muda o mundo? Dores que vêm de dentro,
as melhores são ainda anônimas. E literatura é acima de tudo uma anonimidade
última. Mas de fora -ah, de fora sinto que se deve ter do que chamar. Talvez pelo
egoísmo extremo de pensar que o próprio corpo não se há de justificar e só além
dos orgãos é que se vê os detalhes. Embora não goste realmente de coisa
detalhada, por eu mesma não saber sentir o que há além das entrelinhas.
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