quinta-feira, 20 de setembro de 2012

UNIPAM promove " Festival Charles Chaplin"

Por Débora Viana

As obras cinematográficas de Charles Chaplin são referências do cinema mudo do século XX. Mas, apesar de muito se falar e se discutir sobre seus clássicos poucas pessoas efetivamente viram seus filmes. Pensando nisso, o Centro Universitário de Patos de Minas (UNIPAM) realizará o “Festival Charles Chaplin” durante o decorrer do segundo semestre de 2012.
A exibição dos filmes é aberta a toda comunidade e com certeza vale a pena participar!
O blog Varanda Cultural conversou com o Professor Luís André Nepomuceno que é um dos idealizadores do projeto sobre o festival e a obra de Charles Chaplin. Veja abaixo a entrevista na íntegra:

Varanda Cultural: professor, no que consiste a ideia desse Festival de Cinema com Charles Chaplin?
Luís André: a ideia surgiu de levar ao público uma coisa que já está de certa forma perdida para as novas gerações. Chaplin sempre foi um grande clássico do cinema do século XX, inicialmente do cinema em preto e branco, mudo, mas posteriormente do próprio cinema clássico de meados do século XX. É uma referência sempre falada, sempre discutida, mas pouco vista. Então a ideia era fazer com que o Chaplin, que é tão famoso, tão lembrado, fosse visto efetivamente e discutido efetivamente. Porque muita gente tem o pôster de Chaplin em casa, muita gente conhece a imagem do personagem dele, mas pouca gente efetivamente já o viu e já discutiu e falou sobre ele.

Varanda Cultural: fale um pouco para nós sobre as obras de Chaplin e sobre como ele contribuiu para o cinema e para formação crítica da sociedade da época.
Luís André: bom, os rumos do cinema do século XX dependem de certo modo, diretamente ou indiretamente, das ideias geniais de Chaplin ali por volta dos anos 20,30 até 40. Ele foi um grande revolucionário do cinema mudo, o Chaplin na verdade se formou no teatro inglês em Londres, aprendeu sobre o gesto, a mímica, o trabalho do ator, do contato com público e tentou trazer essa ideia do teatro para o cinema. Nisso ele foi revolucionário. Quando ele surgiu como cineasta e também como ator também revolucionou a ideia da comedia trazendo psicologia, dramaticidade, sofrimento, densidade na comedia. Há grandes revoluções no teatro de Chaplin.

Varanda Cultural: o que os filmes exibidos durante o festival têm em comum? Qual a essência desses clássicos?
Luís André: na verdade nós pensamos no contrário, no que eles não tinham em comum e no que eram diferentes. A gente pegou momentos muito díspares da obra do Chaplin, o filme Casamento ou Luxo, por exemplo, é da década de 20. Já o filme Luzes da Cidade é de 1931, Tempos Modernos de 1936 e o Luzes da Ribalta só da década de 50. Então, a gente tentou pegar várias faces do Chaplin, desde o Chaplin da pantomima, da comédia, até um pouco do pastelão também. Mas, ao mesmo tempo um Chaplin mais maduro, mais reflexivo, mais velho. Então nós buscamos uma diversidade no Chaplin, o jovem, o cômico, o pastelão, o político, o social e a reflexão mais na maturidade.

Varanda Cultural: existe uma mensagem em comum deixada pelos filmes?
Luís André: bom, é difícil pensar alguma mensagem em comum nesses quatro filmes em especial. Mas, o que eu diria é que o velho Chaplin sempre tem um pouco das suas reflexões de sempre, é um artista de caráter fortemente social que tem um olhar agudo para as diferenças sociais, mas ao mesmo é um artista extremamente poético, lírico, romântico. O fato de ele ter saído das classes baixas contribuiu muito pra esse olhar social, ele viveu a pobreza em Londres. Sua mãe tinha doenças mentais, o pai era alcoólatra, ele já viveu nas ruas com os irmãos e já passou fome, também foi para orfanatos. Ele viveu a realidade social das contradições do final do século XIX na Inglaterra de forma intensa. Por isso, uma das características mais fortes do cinema de Chaplin é a denuncia das diferenças sociais, das contradições sociais. Mas, ao mesmo tempo ele sempre coloca a ideia de um par romântico, de um encontro poético entre as pessoas em seus filmes.

Varanda Cultural: o que esses filmes podem acrescentar na visão do público?
Luís André: é interessante a pergunta e antes de falar sobre isso, o que me ocorre, antes de qualquer coisa, é o quanto Chaplin é capaz de agradar todos os públicos. Desde crianças de oito anos, eu já fiz essa experiência, até em idosos, passando por pessoas intelectuais e por pessoas que não fazem noção do que foi o cinema do século XX, enfim, ele tem uma capacidade inigualável de agradar a todos. Justamente por isso que eu estava dizendo, ele é engraçado, ele é românico, ele é político, ele é divertido, ele é tudo ao mesmo tempo. Então, a primeira coisa a se pensar é isso. Mas, voltando à pergunta, eu acho que o Chaplin tem o seu lado político, seu lado sociológico e um pouco do que ele trás para nós e, isso o público vai aprender com ele, é refletir sobre as contradições sociais. Eu acho que o cinema dele é uma coisa muito séria, apesar das piadas, das graças, do humor, mas, não deixa de ser uma reflexão muito séria sobre os problemas sociais, sobre pessoas vivendo dramas sociais, mas, ao mesmo tempo tentando encontrar saídas para isso.

Acompanhe os filmes e palestras sobre o cinema de Charlie Chaplin!

Local: Salão de Júri do UNIPAM (Bloco C)

Dia 22 de Setembro – “Luzes da Cidade”, com palestra de debate sob a coordenação do Prof.Luís André Nepomuceno.
Dia 20 de outubro – “Tempos modernos”, com palestra e debate sob a responsabilidade do Prof. Altamir Fernandes.
Dia 10 de novembro – “Luzes da ribalta”, com palestra e debate sob a coordenação do Prof. Moacir Manuel Felisbino.
Dia 1º de dezembro – “Casamento ou luxo”, com palestra e debate sob a coordenação do Prof. Roberto Carlos dos Santos.



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